Aprendendo a ser

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Fá-lo-ei por eles e por outros que me confiaram as suas vidas, dizendo: toma, escreve, para que o vento não o apague.

22 de julho de 2012

Crônica

Gozado como uma velha banguela
falando mal da moça mais jovem e mais bela
Gozado...ainda ontem éramos namorados!
Hoje, cá só, penso o quão inútil fora nossa união
Tão inútil quanto uma vela acesa para um morto no caixão

Ele andava sóbrio, mas pela expressão de bebum
As pessoas preferiam o óbvio
Velhas canções
velho bar
Velha mulher
Velhos os filhos
Que em silêncio, na sala, assistiam o pai se deteriorar
Um derrubar de louça
O pai desajeitadamente bêbado de novo
É que evitar o vício de nada adiantara
Pois as pessoas à sua volta não acreditavam

A turma da rua via o Zé e mangava da sua vida boêmia
Alheio aos problemas da vida
Que sem ele saber
O aniquilavam mais ainda.
O Zé...
E caía nas esquinas
Sem dar conta de si

Ainda ontem,uma pequena de pai e mãe
Seus cinco anos de maltratada infância
Cabelos desgrenhados sobre a cabeça
Assustava a vizinhança
Que entre si comentava perplexa
Os arrupiados cabelos da criança

Fatos do dia, a agonia dos jornais de carnificina
Meninos no vídeo acenando enquanto o defunto...
Ah, só mais número!
Para juntar-se aos infinitos desse mundo

Um casal sob a luz do poste
Gasta toda a iluminação pública
Em públicos atos de amor
Que incomodam aos que não tem esse luxo
Gastem, amantes, esses clichês ditos a séculos
Pelos seus ancestrais entediantes
Mas alguns anos depois de casados
Veja só que triste fardo...
Móveis riscados pelo gato
Brigas por um copo quebrado
A noite...sem amor, mas cansaço
Portas da estante já não brilham como antes
A casa revirada e aquela união, uma piada
Restos de sonho e nem toda a luz da casa
Ilumina mais aquela família quebrada

Havia uma mulher
Generosa e gorda
Que fazia comidas deliciosas
Engordava o marido
Que com toda energia ía comer as mulheres de fora
E pra generosa mulher, só deixava as sobras

O sol, os velhotes babando as meninas
O crediário que a família não dá conta

Tudo é motivo de piada e chacota
O Ceará moleque vaia até o sol
S
e aparece em inapropriada hora

Mas lá vem o amor de novo bater à minha porta
E como um quase estranho me fala manso
Me pede água
Eu trago um copo
Falamos pouco
Mas como a água que regenera o corpo
O amor sempre nos aproxima de novo.





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